Março de 2025.
À primeira vista, uma tartaruga antropomorfizada em posição de meditação, com uma expressão serena e aparentemente sem perturbação. Mas essa obra representa algo mais profundo e pessoal.
A algumas semanas atrás, percebi que alguns sintomas do meu transtorno de ansiedade generalizada (TAG) voltaram: inquietação, irritabilidade, preocupação excessiva, sensação de angústia e o pior sintoma de todos, a eterna impressão de que uma tragédia poderia acontecer a qualquer instante. Viver com TAG é uma luta constante entre tentar manter a compostura e lidar com um turbilhão interno de preocupações e tensões.
Como não sou adepto de medicamentos para isso (tendo em vista que tive uma péssima experiência com eles no ano passado), nesses angustiantes momentos eu olho pra dentro de mim, entendo o que está acontecendo, e tenho paciência, tendo a consciência de que isso vai passar. Acredito que nem todo mundo consegue passar por isso desse modo, mas por ser uma pessoa resiliente e com algum autocontrole que eu consegui adquirir com o decorrer dos anos, fica menos terrível.
Tendo vivenciado esse momento novamente, decidi pegar isso que me assombra e materializar em tela, como se eu realmente abraçasse e aceitasse esses sintomas. Na obra, quis usar a figura de uma tartaruga por conta da sua simbologia de paciência e calma, associada ao controle emocional. No entanto, a lacuna em seu peito representa justamente um vazio, remetendo à ansiedade.
O TAG envolve uma preocupação excessiva e incontrolável, muitas vezes sem causa concreta, e a obra ilustra essa sensação de dualidade: a tentativa de manter a serenidade externa enquanto há uma dor interna invisível aos outros. Um detalhe é a flor brotando da cabeça da tartaruga, representando o crescimento interior e a esperança de que tudo vai ficar bem!