Janeiro de 2025.

 

Essa foi a primeira obra de 2025. Foi pintada sobre uma placa de MDF, emoldurada e então feito uma nova interferência manual por cima da moldura.

 

A obra parte de um fundo preto (denso, absoluto), símbolo da ausência de todas as cores: o vazio, o desconhecido, o lugar onde nada é refletido. Nela, um arco-íris surge como ponto de ruptura, como um facho de luz que corta a opacidade, quase como se o amor atravessasse um cenário de silêncio.

 

A escolha do preto como base carrega muito peso simbólico: o escuro como origem, o escuro como trauma, mas também como potencial criativo. Ao introduzir o arco-íris como única fonte de cor, eu também não só crio um contraste visual forte, como também uma metáfora clara: mesmo onde tudo parece ausência, ainda existe a possibilidade de luz, e essa luz contém TODAS as cores.

 

O gesto de fazer o arame farpado ultrapassar a moldura não é apenas técnico, é poético. Isso comunica a ideia de quebrar fronteiras pessoais, sociais e artísticas. A moldura, tradicionalmente, é o que delimita a obra, e ao ignorar ela, eu afirmo: “a minha dor, a minha expressão e minha arte não cabem dentro dos limites esperados”.