Abril de 2025.
Essa obra nasceu do confronto entre duas realidades que habitam o mesmo tempo: o mundo natural e o mundo sintético.
Feita sobre uma caixa de papelão que antes embalava tecnologia (uma televisão), a peça traz em sua base física a memória de consumo, progresso e obsolescência, enquanto suas camadas de tinta resgatam o essencial, o simples e o cíclico da natureza.
Em toda a obra foi usada tinta acrílica, e nos 2 quadros na parte inferior eu utilizei grafite, carvão, corretivo líquido e marcador permanente, para que ficasse com essa pegada mais “sketch”.
A margarida, flor de simbolismo puro e popular (representando a natureza e o crescimento), aparece como figura central: uma entre muitas, real entre representações, viva mesmo em meio à falha.
Ao fundo, o caos visual dos padrões de cor de uma televisão fora do ar, símbolo de interferência, silêncio e transição, e o “NO SIGNAL” fazendo referência à desconexão.
O título “ERROR 404” não é apenas uma referência ao clássico erro de página não encontrada, mas uma crítica sutil ao nosso afastamento das origens, ao vazio que se instala quando a conexão com o essencial é perdida.
O “play, play, play” repetido na lateral remete ao loop moderno de consumo, entretenimento e distração, enquanto no rodapé a evolução de uma semente ilustra o oposto: paciência, tempo, raízes (também sendo uma metáfora do crescimento pessoal).
A escolha de pintar sobre o papelão não é aleatória. A textura crua e reciclável desse material simboliza tanto o descarte da sociedade moderna quanto a possibilidade de renascimento e transformação.
Em um mundo saturado de estímulos e comandos para o “PLAY”, esta obra emerge como um manifesto silencioso sobre a desconexão humana com aquilo que é mais essencial: o natural.
Além disso, essa obra é um lembrete de que errar é excepcionalmente humano, mas é errando que se aprende e é no erro que mora a evolução e o crescimento.
Crescer exige pausa.