Maio de 2025.
A intenção inicial dessa peça era criar algo onde a transpiração estivesse presente como sendo uma poça emocional.
Então surgiu essa obra que é profundamente simbólica pra mim e carregada de emoção.
Usei o conceito da hiper-hidrose como metáfora para um corpo que “transborda” emocionalmente. A figura central que mergulha para essa poça representa um corpo que não consegue mais conter o que sente. A água deixa de ser suor e se torna lágrima.
A repetição da frase “big boys don’t cry” em diferentes estágios de negação (com palavras riscadas) evoca a pressão social sobre os homens por não demonstrarem fragilidade. Ela é uma citação da música “I’m Not in Love” do 10cc, e amplifica esse tom melancólico: a música trata da negação dos sentimentos, que é justamente o que está sendo criticado aqui.
O rasgo irregular atravessando a tela funciona como uma ruptura (signo presente em diversas das minhas obras).
Fiz uso de tinta acrílica, sobreposição de desenhos com carbono, grafite, bastão de óleo e marcador permanente.
A paleta de cores foi pensada, para que tivesse tons quentes contrastando com o azul. A escolha remete ao calor do corpo, ao suor e à urgência da emoção contida.
Acredito que eu tenha conseguido traduzir nessa obra, com força e autenticidade, a experiência de um corpo masculino que sofre por conter demais, por transpirar mais do que o “aceitável” e por sentir em excesso no mundo. Essa pintura é praticamente uma confissão rasgada.