Fevereiro de 2025.

 

A obra “WHERE IS MY MEMO?”, segue a estética visual e conceitual da peça “FLORES PRA VOCÊ”, e ela surge da experiência subjetiva do esquecimento e da sensação de que “algo está errado” no próprio cérebro.

Pra mim, é um trabalho forte, corajoso, intenso e muito pessoal.

 

No período em que estava criando essa peça, eu estava lutando internamente entre o raciocínio lógico e a criação. E ela fala sobre isso, sobre perda de memória, esquecimento e o impacto psicológico disso.

 

Eu traduzi uma vivência subjetiva (sensação de doença cerebral) em algo visual, expondo o meu conflito interno entre corpo e o pensamento.

 

A figura do ser humano verde sou eu. A cor verde incomum remete a doença e a tentativa de representar a sensação de “não estar bem”. Expressão apática e olhos esbranquiçados (porém brilhantes).

A cabeça costurada reforça a ideia de um cérebro “quebrado”, tentando ser consertado.

E a cerca roxa “prendendo” a figura humana indica prisão interna.

 

No lado direita da obra pintei um cérebro, onde existem esferas com linhas mais retas, do meio pra esquerda do cérebro (que podem se referir a “tumores”). O lado esquerdo do cérebro é o responsável pelo raciocínio lógico e linguagem, e até então seria a área que estava afetada dentro de mim, já que o lado direito do cérebro estava intacto, que é a área responsável pela criatividade e intuição (áreas que estavam afloradas em mim).

 

A frase “losing my memories” é riscada e reescrita como “some memories”, o que transmite incerteza e tentativa de negação.

O texto manuscrito sobre estresse e função cerebral e os desenhos de neurônios, contrasta com a minha angústia emocional, uma tentativa racional de entender o que estava acontecendo comigo.

 

A escrita quase ilegível em segundo plano transmite o apagamento e o ruído mental que acompanha o esquecimento.

E os cálculos de física fictícios falam sobre o quanto que um cérebro humano pode armazenar informação e em quanto tempo pode ser possível essas informações serem apagadas do cérebro.

 

Essa obra foi uma forma de externalizar o caos interno que eu estava vivendo, dar forma ao invisível, e tentar fazer sentido de algo que parecia inexplicável.